Se você pesquisou sobre mundos interiores intensos, encontrou um teste online de devaneio excessivo e o resultado deu positivo, é provável que esteja sentindo uma montanha-russa de emoções. Por um lado, o alívio: “Finalmente, há um nome para isso! Eu não estou sozinho(a)”. Por outro, uma onda de ansiedade: “Ok, eu tenho isso. E agora? O que eu faço com essa informação?”.
Respire fundo. O primeiro passo, o da descoberta, você já deu. E ele é o mais difícil.
Este artigo não é uma receita mágica, mas sim um mapa para seus primeiros passos. Um guia prático, escrito por quem entende essa jornada, para te ajudar a navegar da confusão à clareza.
Passo 1: Aceite e Observe Sem Julgamento
A primeira reação pode ser de pânico ou de uma vontade feroz de “parar de devanear” imediatamente. Calma. Lutar contra sua mente é como tentar parar as ondas do mar com as mãos. O primeiro passo não é lutar, é observar.
Por uma semana, torne-se um “cientista” da sua própria mente. Sem se julgar ou se culpar, apenas observe. Tenha um pequeno caderno ou um app de notas e anote:
- Quando você começou a devanear? (Ex: No ônibus, antes de dormir, durante uma tarefa chata).
- Qual era o gatilho? (Ex: Uma música específica, um sentimento de tédio, uma memória).
- Qual era o tema do devaneio? (Ex: Uma conversa que você queria ter, um cenário de sucesso, um mundo de fantasia).
O objetivo aqui é coletar dados, não mudar o comportamento. Ao se distanciar e apenas observar, você tira o peso do julgamento e começa a ver seus devaneios como um fenômeno a ser compreendido, e não um inimigo a ser derrotado.
Passo 2: Entenda Seus Gatilhos Pessoais
Com uma semana de anotações em mãos, você se torna um detetive. Olhe para os dados que coletou e procure por padrões.
Seus devaneios são uma fuga do tédio? Eles aparecem quando você precisa fazer uma tarefa que não gosta? Ou são uma resposta ao estresse e à ansiedade, uma forma de se refugiar em um mundo onde você tem mais controle? Talvez eles sejam acionados por estímulos sensoriais, como músicas ou filmes.
Identificar seus gatilhos é como encontrar o interruptor de luz no escuro. Você não pode controlar a escuridão, mas pode aprender onde está o interruptor para acender a luz quando precisar. Conhecer o que “liga” seus devaneios é o primeiro passo para escolher conscientemente se você vai ou não embarcar neles.
Passo 3: Introduza “Âncoras de Realidade”
Uma vez que você sente o devaneio começando (graças ao passo 2), você pode usar pequenas técnicas para se “ancorar” no mundo presente. A ideia não é reprimir o pensamento, mas gentilmente redirecionar sua atenção.
Experimente estas âncoras:
- A Âncora 5-4-3-2-1: Mentalmente, liste: 5 coisas que você pode ver, 4 coisas que pode sentir (a cadeira, a roupa, a mesa), 3 coisas que pode ouvir, 2 coisas que pode cheirar e 1 coisa que pode saborear. Isso força seu cérebro a se reconectar com os sentidos.
- A Âncora da Respiração: Apenas foque na sua respiração por 60 segundos. Sinta o ar entrando e saindo, a temperatura, o movimento do seu peito.
- A Âncora Tátil: Mantenha um objeto com uma textura interessante na sua mesa ou no bolso (uma pedra lisa, um chaveiro, um anel). Quando sentir a mente vagar, pegue o objeto e foque 100% na sensação dele em seus dedos.
Essas âncoras são como pequenos lembretes para sua mente: “Ei, estou aqui, no agora”.
Passo 4: Defina Metas Pequenas e Realistas
Tentar “parar de devanear” da noite para o dia é uma receita para a frustração. O segredo está em micro-vitórias.
Em vez de metas vagas, defina objetivos específicos, mensuráveis e realistas. Por exemplo:
- NÃO FAÇA: “Vou parar de devanear.”
- FAÇA: “Hoje, vou usar a técnica Pomodoro e focar em uma tarefa por 25 minutos sem devanear. Se eu conseguir, me dou 5 minutos de recompensa.”
- NÃO FAÇA: “Não vou mais devanear antes de dormir.”
- FAÇA: “Vou tentar ler 10 páginas de um livro físico antes de apagar a luz, para cansar a mente e reduzir o tempo de devaneio.”
Cada pequena vitória fortalece seu “músculo” do foco e prova para você mesmo que é possível ter mais controle sobre sua atenção.
Passo 5: Considere Conversar com um Profissional
Este blog é seu guia, seu companheiro de jornada. Mas ele não substitui o acompanhamento de um profissional de saúde mental.
Se seus devaneios estão impactando significativamente seu trabalho, seus estudos, seus relacionamentos ou sua capacidade de cuidar de si mesmo, procurar um psicólogo ou terapeuta é o passo mais corajoso e eficaz que você pode dar.
Como abordar o assunto? Você pode dizer: “Eu descobri um termo chamado ‘Devaneio Excessivo’ e me identifico muito com os sintomas. Gostaria de explorar isso com você”. Um bom profissional te ouvirá sem julgamentos e te ajudará a criar estratégias personalizadas para sua realidade.
Conclusão
Receber o “diagnóstico” de devaneio excessivo é o começo de uma jornada de autoconhecimento, não uma sentença. O objetivo não é erradicar sua imaginação – ela é uma parte poderosa de quem você é. O objetivo é aprender a ser o maestro da sua orquestra mental, decidindo quando é hora da sinfonia e quando é hora do silêncio. Lembre-se, entender o que é o devaneio excessivo é o primeiro passo. Se você ainda não leu, nosso guia completo sobre o tema pode te dar uma base sólida.
Comece com um passo. Observe. Entenda. Ancore. Celebre as pequenas vitórias. Você está no controle.